[Abstract]
A corrupção é uma conduta – ou prática – que se desvia das expectativas padronizadas no desempenho das funções do poder confiado. O que é ou não percebido como corrupção varia entre os indivíduos, no espaço e no tempo. Sempre haverá um certo grau de permissividade em relação à corrupção na sociedade, com alguns deles sendo mais propensos a justificar práticas corruptas do que outros. Esta dissertação concentra-se em compreender os elementos que condicionam a tolerância à corrupção, em nível individual, nas democracias latino-americanas. Para tanto, calculou-se um modelo probit ordenado, usando dados do Latinobarômetro de 2020.
Os resultados indicam que os homens, em média, são mais propensos a ter menor tolerância à corrupção do que as mulheres; que indivíduos com menor nível de escolaridade têm maior probabilidade de serem mais tolerantes à corrupção; e que níveis mais elevados de prática religiosa tendem a estar associados a atitudes mais duras em relação à corrupção. Os resultados também evidenciam que os funcionários das empresas privadas têm maior probabilidade de serem mais tolerantes do que os de empresas públicas. No que se refere à percepção da extensão da corrupção, os indivíduos que acreditam que a corrupção aumentou ou aumentou muito no ano de 2020, tendem a ser menos tolerantes à corrupção e que aqueles que estão mais satisfeitos com a democracia mostram uma tendência menor de tolerar a corrupção. Confiar em muitas instituições governamentais – nacionais e internacionais – também está associado a uma menor tolerância à corrupção, resultado semelhante para indivíduos que preferem uma sociedade mais livre.
Pode-se perceber que, ao se comparar com ano de 2016, os condicionantes da tolerância à corrupção se mantiveram, à exceção do resultado por sexo. Este estudo fornece evidências relevantes sobre os determinantes individuais da tolerância à corrupção nas democracias da América Latina e, portanto, nos ajuda a compreender por que a corrupção é mais resistente em algumas sociedades do que em outras.
NOTA: O trabalho foi desenvolvido em parceria com o grupo EPOCA: corrupção e crise económica – ICS-Lisboa
Ano de Publicação: 2022
Aluno: Thaysa Viana Almeida de Lieberenz
Orientadora: Prof. Dr. Viviani Silva Lírio
Co-Orientador: Felippe Clemente
Programa: Mestrado em Economia Aplicada
Universidade: Universidade Federal de Viçosa (Brasil)